Conheça Ali Tayar, arquiteto turco que deixou um legado importante de móveis e objetos de alumínio

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Conheça Ali Tayar, arquiteto turco que deixou um legado importante de móveis e objetos de alumínio

Nos dois últimos meses, uma pequena exposição em Nova York, na galeria de design R & Company, chamou atenção para o trabalho de Aly Tayar. O arquiteto de origem turca, que mantinha escritório em Manhattan desde 1993, faleceu prematuramente no ano passado, aos 57 anos, deixando uma obra exígua e muito consistente.

 

Tayar foi pouco conhecido pelo grande público, mas aclamado entre seus colegas e clientes. Dentre seus principais projetos, estão um hotel, uma casa de campo e um barco (de aço carbono!) para um casal de fiéis clientes suíços. Em Nova York, desenhou galerias e restaurantes, como o Pop Burger e o hoje extinto Waterloo, projetou a renovação de apartamentos, entre eles uma cobertura no Soho e o seu próprio, no Rockfeller Apartments – joia da arquitetura moderna americana em Midtown. Tayar também foi professor da Parsons School of Design.

Seu estúdio chamava-se Parallel, uma referência à régua paralela, um dos principais instrumentos de desenho de arquitetos. Segundo o curador da exposição, Dung Ngo, o nome também manifesta o fato de que sua prática se deu em diversas escalas – objetos, componentes estruturais, mobiliário, interiores e edifícios –, de maneira concomitante, a partir de um léxico bem formado de princípios construtivos.

O foco da exposição da R & Company, intitulada “Systems and One-Offs”, foi a produção de menor escala: móveis, objetos e elementos da construção civil. Formado em engenharia em Stuttgart, na Alemanha, onde recebeu um ensinamento baseado em preceitos modernistas, com especial atenção a sistemas construtivos pré-fabricados, e posteriormente pós-graduado em arquitetura pelo prestigioso MIT (Massachussets Institute of Technology), Tayar chegou em Nova York no início dos anos 1990. Sem trabalho ou clientes, dedicava seu tempo à criação de conceitos estruturais que testava em móveis.

Um de seus primeiros desenhos, hoje integrante da coleção de design do MoMA, é a mesa de centro Calder. De inegável inventividade estrutural, a mesa é composta por cinco peças, quatro pés e o tampo, unidos apenas pela força da gravidade e por atrito, sem a necessidade de parafusos ou outras junções. O engenhoso desenho do pés, em metal fundido, contém um gancho em forma de chave inglesa no qual o tampo é encaixado. O simples peso e espessura da chapa definem a inclinação dos apoios, dando estabilidade ao conjunto.

Muito inspirado por arquitetos como o francês Jean Prouvé, principal nome da arquitetura pré-fabricada, e o suíço Fritz Haller, criador do famoso sistema de estantes e armários modulares da marca suíça USM, Tayar perseguiu a criação de componentes universais e padronizados que pudessem ser produzidos industrialmente, em grande quantidade. O gancho de estante Ellen, também na coleção do MoMA, é exemplar dessa vontade. Feito de alumínio extrudado, foi criado para o apartamento de uma cliente e posteriormente vendido em lojas de material de construção por cerca de 20 dólares a unidade.

O alumínio foi o material preferido de Tayar, fosse na forma de pequenas peças extrudadas ou em grandes chapas dobradas e/ou perfuradas. O painel Plaza, originalmente criado para a proteger a fachada de vidro de uma galeria, acabou por ser produzido por uma empresa de mobiliário americana. Modular e flexível, ele podia ser composto de acordo com o desejo do usuário, bastando fixar cada régua vertical individual com hastes de plástico. A mesma empresa editou um conjunto de cadeiras e bancos que usavam apenas dois tipos de componentes de alumínio, um para o assento e outro para o encosto, presos lateralmente por chapas de madeira compensada recortada. Esses móveis contém uma clara preocupação de Ali Tayar na racionalização e eficiência tanto do método produtivo quanto de embalagem e transporte.

A R & Company reuniu, além de exemplares do projetos já citados, peças únicas criadas pelo arquiteto para sua casa e seu escritório. Além do alumínio, aparecem materiais compostos, e é constante o uso do compensado de madeira moldado, em clara referência a outros dois ícones do design e da arquitetura do século 20, o finlandês Alvar Aalto e a dupla americana Charles e Ray Eames. O conjunto de peças demonstra não apenas a preocupação sistemática com respeito ao móvel industrial e modular, mas também uma grande liberdade expressiva do desenho. Essa aparente contradição foi sua assinatura, e é certamente o que torna seu trabalho relevante no contexto contemporâneo.

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Crédito imagens: Divulgação © Joe Kramm / R & Company